Durante o período regencial, ausente a autoridade centralizadora do
príncipe legítimo com a abdicação de Dom Pedro I, as forças de desagregação e
oligárquicas viram a possibilidade de fragmentação política do país, período em
que, as instituições se consolidavam e tiveram de resistir ao separatismo das
distantes províncias do Império.
A Cabanagem foi um movimento político paraense e uma das rebeliões
provinciais mais duradouras e sanguinárias, que eclodiu durante o período
regencial (1831-1840) no Brasil, período em que os regentes eram eleitos pela Assembleia
Nacional de forma democrática. Foi motivada pelo desejo de autonomia política e
administrativa da província e pela ambição dos oligarcas regionais de criar um
aparato governamental próprio e separado do Rio de Janeiro. Devemos lembrar que
o Pará, apenas 13 anos antes se colocara contra a independência do Brasil, e
buscado manter-se fiel à metrópole lisboeta.
O movimento foi assim chamado em referência aos participantes do
movimento, que eram pobres que viviam em cabanas à beira dos rios, utilizados
pelos oligarcas locais como soldados de uma revolução a serviço de seus
interesses, e que por isso eram chamados de cabanos.
Chamados de cabanos, os rebelados tinham por objetivos restaurar o Pará
ao Brasil, a defesa de D. Pedro II como monarca e o combate aos estrangeiros.
Seu saldo dos anos de lutas, em que os legalistas venceram, foi a morte de 20%
da população da província, sua desestruturação econômica e a destruição da
capital.
Participaram da revolta negros, mestiços e índios que se dedicavam às
atividades de extração de produtos da floresta, que lutaram contra soldado
pagos, recrutados e liderados pelas oligarquias regionais insatisfeitas com a
concentração de poder na capital do Império, e se revoltaram diante da situação
de miséria a que estavam submetidos, causada pela distância e pelo descaso das
oligarquias açucareiras do nordeste e do centro-sul do país.
A liderança coube a homens como Eduardo Angelim, os irmãos lavradores
Francisco Pedro e Antônio Vinagre, o fazendeiro Clemente Malcher, o jornalista
Vicente Ferreira Lavor e o padre Batista Campos.
As autoridades nomeadas pelo governo central para governar a província
fez com que muitas abandonassem os cargos. Diante da situação, o governo
central tomou providências repressivas para a manutenção da ordem e da unidade
política do Estado que acabara de ter reconhecida, há apenas 10 anos a sua
independência. A principal providência foi determinar que os suspeitos de
participarem das agitações e revoltas seriam recrutados à força para servir nas
tropas governamentais.
Em 7 de janeiro de 1835, os cabanos dominaram a capital, Belém, e
executaram o presidente da província, além de outras autoridades. A tomada do
poder, contudo, foi bem mais fácil que sua manutenção. Divergências, conflitos
e traições entre os próprios líderes do movimento determinaram o seu fracasso,
já que estava a serviço de oligarquias, que entre elas mantinham rivalidades.
O combate a insurgência foi Comandada por Manuel Jorge Rodrigues, que
contou com o apoio do próprio Francisco Vinagre, ex-líder rebelde, fazendo com
que as tropas governamentais tomassem Belém.
Por fim os cabanos se refugiaram no interior da província, até se reorganizaram
e tentaram marchar novamente para Belém, restabelecendo de maneira fugaz novo
controle sobre a cidade, mas definitivamente a rebelião se encerra em cinco anos,
com o desastroso saldo de 4 mil mortos.
A unidade política do Brasil fora salva, pelas instituições monárquicas
que garantiam a sobrevivência do Estado fundando pelos Braganças, num momento
de genialidade política!
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