domingo, 5 de janeiro de 2014

7 de janeiro de 1835 - Estoura a Cabanagem






Durante o período regencial, ausente a autoridade centralizadora do príncipe legítimo com a abdicação de Dom Pedro I, as forças de desagregação e oligárquicas viram a possibilidade de fragmentação política do país, período em que, as instituições se consolidavam e tiveram de resistir ao separatismo das distantes províncias do Império.
A Cabanagem foi um movimento político paraense e uma das rebeliões provinciais mais duradouras e sanguinárias, que eclodiu durante o período regencial (1831-1840) no Brasil, período em que os regentes eram eleitos pela Assembleia Nacional de forma democrática. Foi motivada pelo desejo de autonomia política e administrativa da província e pela ambição dos oligarcas regionais de criar um aparato governamental próprio e separado do Rio de Janeiro. Devemos lembrar que o Pará, apenas 13 anos antes se colocara contra a independência do Brasil, e buscado manter-se fiel à metrópole lisboeta.
O movimento foi assim chamado em referência aos participantes do movimento, que eram pobres que viviam em cabanas à beira dos rios, utilizados pelos oligarcas locais como soldados de uma revolução a serviço de seus interesses, e que por isso eram chamados de cabanos. 


Chamados de cabanos, os rebelados tinham por objetivos restaurar o Pará ao Brasil, a defesa de D. Pedro II como monarca e o combate aos estrangeiros. Seu saldo dos anos de lutas, em que os legalistas venceram, foi a morte de 20% da população da província, sua desestruturação econômica e a destruição da capital.
Participaram da revolta negros, mestiços e índios que se dedicavam às atividades de extração de produtos da floresta, que lutaram contra soldado pagos, recrutados e liderados pelas oligarquias regionais insatisfeitas com a concentração de poder na capital do Império, e se revoltaram diante da situação de miséria a que estavam submetidos, causada pela distância e pelo descaso das oligarquias açucareiras do nordeste e do centro-sul do país.
A liderança coube a homens como Eduardo Angelim, os irmãos lavradores Francisco Pedro e Antônio Vinagre, o fazendeiro Clemente Malcher, o jornalista Vicente Ferreira Lavor e o padre Batista Campos.
As autoridades nomeadas pelo governo central para governar a província fez com que muitas abandonassem os cargos. Diante da situação, o governo central tomou providências repressivas para a manutenção da ordem e da unidade política do Estado que acabara de ter reconhecida, há apenas 10 anos a sua independência. A principal providência foi determinar que os suspeitos de participarem das agitações e revoltas seriam recrutados à força para servir nas tropas governamentais.
Em 7 de janeiro de 1835, os cabanos dominaram a capital, Belém, e executaram o presidente da província, além de outras autoridades. A tomada do poder, contudo, foi bem mais fácil que sua manutenção. Divergências, conflitos e traições entre os próprios líderes do movimento determinaram o seu fracasso, já que estava a serviço de oligarquias, que entre elas mantinham rivalidades.
O combate a insurgência foi Comandada por Manuel Jorge Rodrigues, que contou com o apoio do próprio Francisco Vinagre, ex-líder rebelde, fazendo com que as tropas governamentais tomassem Belém.
Por fim os cabanos se refugiaram no interior da província, até se reorganizaram e tentaram marchar novamente para Belém, restabelecendo de maneira fugaz novo controle sobre a cidade, mas definitivamente a rebelião se encerra em cinco anos, com o desastroso saldo de 4 mil mortos.
A unidade política do Brasil fora salva, pelas instituições monárquicas que garantiam a sobrevivência do Estado fundando pelos Braganças, num momento de genialidade política!

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