Em 11 de janeiro de 1055 a filha de Constantino VIII da família dos
Porfirogenetas, assume o trono de Constantinopla, até sua morte em 1056. A
tradição de permitir o governo às mulheres, e muitas delas poderosas, é uma
marca do Império Romano do Oriente, após a Cristianização do Império.
Ao contrário do que aconteceu com as duas outras religiões monoteístas,
o judaísmo e o islamismo, apenas no Cristianismo as mulheres sempre ocuparam
uma posição de destaque e respeito. As comunidades primitivas dos cristãos
gregos, nos séculos I e II depois de Cristo é que passaram a se referir a
Maria, como Teotokos, ou seja, a mãe de Deus.
Tal título não é uma invenção ou dogma introduzido pela Igreja para
convencer os crentes, mas é sabedoria vivida pelas primeiras comunidades
cristãs, que se irá impor ao cristianismo nos séculos de desenvolvimento, e o
que permitirá à mulher uma condição distinta e de respeito no seio da sociedade,
o que tardará a acontecer nas outras religiões.
Teodora III (em grego Θεοδώρα, literalmente "dom de Deus",
viveu de 981 a 31 de agosto de 1056), tendo reinado como Imperatriz de 11 de
janeiro de 1055 até sua morte em 31 de agosto do ano seguinte. Filha de Constantino
VIII que reinou de 1025 a 1028, sucedeu a Constantino IX o terceiro esposo e
sucessor de Zoé, imperatriz e irmã de Teodora.
Mulher de caráter austero e forte, sabedora de defender sua dignidade e
suas escolhas, negou a casar com Romano Argiro, que em função da rejeição veio
a casar-se com sua irmã Zoé, e assumiu com essa, o trono com o nome de
Imperador Romano III de 1028 a 1034.
Mesmo tendo se afastado da corte para evitar constrangimentos a sua irmã
imperatriz, despertou os ciúmes de Zoé, tendo a Imperatriz a confinado num
monastério sob o pretexto de uma suposta conspiração na corte
constantinopolitana.
Em 19 de abril de 1042, um movimento popular destronou o Imperador
Miguel V, Calafete, co-imperador com Zoé, e forçou a entronização de Teodora
como co-imperatriz. Após alguns meses de participação ativa no governo, aceitou
abrir mão do poder em virtude do novo casamento de Zoé, o que determinou a ascensão
ao trono de Constantino IX em 11 de junho de 1042.
Com a morte de Constantino IX, finalmente é Teodora coroada imperatriz
única em 11 de janeiro de 1055, e mesmo tendo à época já 74 anos de idade, fez
valer com vigor, astúcia e determinação os seus direitos ao trono, frustrando
as tentativas de que fosse afastada do poder em benefício do general Nicéforo
Brienio.
Fez uma administração firme, controlando a nobreza rebelde e acabando
com muitos dos abusos e privilégios. Porém, não considerou que tais atitudes
lhe traziam também dificuldades com a aristocracia estabelecida na Corte, e sua
reputação de excessiva severidade com seus inimigos particulares, levou à
formação de um grupo de conselheiros privados que a isolando da realidade
política do império, levou a alienar-se do processo político imperial.
Sua mote súbita em 31 de agosto de 1056, aos 75 anos, deixou uma obra
administrativa consistente de severidade e não tendo tido filhos, sendo a
última representante de sua casa imperial, escolheu como sucessor um de seus
favoritos, Miguel VI, o Estratiótico (ou o Belicoso).
Como Miguel VI nenhum parentesco tinha com a dinastia dos Macedônios que
governava o Império desde 867 com Basílio I, ou seja, governaram por 189 anos,
houve acirrada resistência à sua ascensão por designação, já que a nobreza não
considerava que tivesse qualquer direito ao trono.
Tal situação determinou lutas intestinas constantes no Império, tendo se
sucedido a Dinastia dos Ducas, mas apenas havendo a estabilização da coroa com
o advento de Aleixo I, Comneno em 10 de dezembro de 1081, o Imperador que verá
ocorrer a I Cruzada, cuja filha narrará esta expedição curiosa do Ocidente
Cristão.
Mas isto é outra história!
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