Muitas vezes ficamos impressionados com o fato de Napoleão Bonaparte ter
se auto-coroado Imperador dos Franceses em 1805, em frente ao Papa. No entanto
esquecemos, que mais de cem anos antes Frederico III, duque da Prússia,
auto-coroou-se Rei da Prússia, com a diferença, que esse pertencia a uma longa
linhagem de príncipes da Prússia, e sua pretensão era legítima, ao contrário do
pequeno corso que era meramente um usurpador.
Ele era o terceiro filho do primeiro casamento de seu pai, Frederico
Guilherme I de Brandemburgo, com Luísa Henriqueta de Orange-Nassau, a primogênita
de Frederico Henrique, Príncipe de Orange e Amália de Solms-Braunfels.
Com a morte de seu pai em 1688, Frederico tornou-se o Grande Eleitor
Frederico III de Brandemburgo.
No início do século XVIII o Estado dos Hohenzollern era então conhecido como
Ducado de Brandemburgo-Prússia, sendo que as propriedades da família eram
constituídas por Brandemburgo, que era um Estado dentro do Sacro Império
Romano-Germânico, além do Ducado da Prússia que então não pertencia ao Império.
Embora ele fosse o Margrave e Eleitor de Brandemburgo e o Duque da
Prússia, Frederico desejou o título mais prestigioso de rei. Porém, de acordo
com a lei germânica àquele tempo, com a exceção do Reino de Boêmia, nenhum
reino poderia existir dentro do Sacro Império Romano-Germânico, de tal forma
que, isto vinha ao encontro do desejo da França de impedir a unidade da
Alemanha e da Áustria de impedir que surgisse uma potência rival dentro do
Sacro Império.
Leopoldo I, Arquiduque da Áustria e Imperador do Sacro Império
Romano-Germânico, foi convencido por Frederico a consentir que a Prússia fosse
transformada em reino quando o imperador necessitou de uma aliança contra o Rei
Luís XIV da França na Guerra da Sucessão Espanhola.
O argumento de Frederico foi o de que a Prússia nunca tinha pertencido
ao Sacro Império Romano-Germânico e por isso, não seria legal ou político
impedir as pretensões do Eleitor de Brandemburgo de ser o Rei da Prússia.
Frederico se auto-coroou Rei Frederico I da Prússia em 18 de janeiro de 1701 em
Königsberg. Para mostrar que o reino de Frederico estava limitado pela Prússia
e não reduzia os direitos do Imperador nos territórios do Império, ele se
auto-intitulou "Rei na Prússia", ao invés de "Rei da
Prússia"; seu neto Frederico II da Prússia foi o primeiro rei prussiano a
formalmente se nomear "Rei da Prússia", tornando assim inexorável o
embate entre Habsburgos e Hohenzollerns pela liderança entre os povos de língua
alemã.
Frederico foi casado três vezes: primeiro com Elizabeth Henrietta de
Hesse-Kassel, com quem teve uma filha, Louise Dorothea, nascida em 1680, que
morreu sem deixar descendentes aos 25 anos de idade; depois com Sophie
Charlotte von Hannover, com quem ele teve Frederico Guilherme I, nascido em
1688, que o sucedeu no trono da Prússia e de Brandemburgo. Em 1708, ele se
casou com Sofia Luísa de Mecklenburg, que sobreviveu a ele mas, não teve filhos
com ele.
O Rei Frederico I faleceu em Berlim em 1713. O Reino da Prússia por ele
criado atingirá seu apogeu no século XIX e por fim será o responsável pela
unificação da Alemanha sob a liderança de dois grandes homens, Guilherme I e
Otto von Bismarck.
Foi apenas a divergência de interesses entre a França e a Áustria que
permitiram o início do processo, lento, de unificação da Alemanha.
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