Desde o início do Século XIV, a Igreja Católica não tinha mais o seu
primaz em Roma, mas na Cidade de Avignon, no sul da França.
Nesta data deu-se o fim do "exílio de Avignon", pois que 1309,
quando Clemente V, obediente ao Rei Filipe IV, o Belo de França, transferiu
para lá Papado, que aquela cidade francesa sediava a Igreja de onde era
dirigida toda a Cristandade.
Diz-se que em Avignon, diante dos cardeais, uma intrépida Catarina de
Siena ousou proclamar os vícios da corte pontifícia e pedir, em nome de Cristo
Jesus, a reforma dos costumes e dos abusos. Gregório XI a chamava para dar sua
opinião em pleno Consistório dos
Cardeais da Igreja.
Teria a Santa convencido o Papa Gregório XI a voltar a Roma.
Em 17 de janeiro de 1377, Gregório XI deixa Avignon, apesar da oposição
do Rei francês e de quase todo o Sacro Colégio. Ele ainda hesita no caminho, e
ela o conjura a ir até o fim.
Mesmo assim, a paz na Igreja não seria longa e outra vez a República de
Florença revolta-se contra o Papa, que apelou para Catarina de Siena. Rejeitada
por aquela cidade, a santa quase foi martirizada. Gregório XI, gasto,
envelhecido, sofrido, não resiste a mais estas ofensas que lhe fizeram a
nobreza e o clero italina, e entrega sua alma a Deus.
Desta maneira foi que para ocupar o trono de São Pedro, os cardeais
elegem o Arcebispo de Bari, o qual toma por nome Urbano VI.
Conhecedor dos poderes de persuasão de Catarina de Siena e vendo nela o
espírito de Deus, o novo Pontífice a chama a Roma para estar a seu lado.
Acreditava o pontífice que isto era muito necessário, pois alguns
cardeais franceses, desgostosos da rigidez do novo Papa, voltam para Avignon,
anulam a eleição de Urbano e elegem o antipapa Clemente VII. Inicia-se assim o
chamado Grande Cisma do Ocidente.
Santa Catarina de Siena entrou novamente em ação procurando ganhar, para
o verdadeiro Papa, reis e governantes da Europa, por meio de cartas cheias de
amor à Igreja e animadas do enérgico sentimento do dever.
O cisma duraria muitos anos, desangraria a cristandade ocidental,
determinaria a doutrina do consiliarismo e por fim abriria a porta da Reforma.
Mesmo que a santa tenha tentado inutilmente trazer de volta ao verdadeiro redil
os três cardeais, que eram os autores principais do cisma, nada foi capaz de
impedir este grande sofrimento e da triste ruptura da unidade cristã.
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