Neste dia, há 460 anos, a povoação de São Paulo de Piratininga surgiu
com a construção de um colégio jesuíta por doze padres, entre eles Manuel da
Nóbrega e José de Anchieta, no alto de uma colina escarpada, entre os rios
Anhangabaú e Tamanduateí.
Conceber que um país minúsculo, na beira do Atlântico, movido pela fé,
conseguiu que um punhado de homens, crentes em suas convicções, viessem aos
confins de um novo constinente inóspito e desconhecido, para dar início à
construção de uma nova civilização, é realmente motivo de comemoração.
Neste colégio, que inicialmente funcionava num barracão feito de taipa
de pilão, desenvolveram por finalidade, a catequese dos índios que viviam na
região do Planalto de Piratininga, separados do litoral pela Serra do Mar,
chamada pelos índios de "Serra de Paranapiacaba".
A escolha do nome São Paulo se deu porque o dia da fundação do colégio
foi no 25 de janeiro, mesmo dia no qual a Igreja Católica celebra a conversão
do apóstolo Paulo de Tarso, conforme disse o padre José de Anchieta em carta à
Companhia de Jesus:
"A 25 de Janeiro do Ano do Senhor de 1554 celebramos, em paupérrima
e estreitíssima casinha, a primeira missa, no dia da conversão do Apóstolo São
Paulo e, por isso, a ele dedicamos nossa casa."
José de Anchieta
O efetivo povoamento da região conhecida como Pátio do Colégio teve
início em 1560, quando, da visita de Mem de Sá, governador-geral do Brasil, à
Capitania de São Vicente. Este então ordenou a transferência da população da
Vila de Santo André da Borda do Campo, que fora criada por Tomé de Sousa em
1553, para os arredores do colégio, denominado "Colégio de São Paulo de
Piratininga", porque local alto e mais adequado (uma colina escarpada
vizinha a uma grande várzea, a Várzea do Carmo, por um lado e, pelo outro lado,
por outra baixada, o Vale do Anhangabaú), para melhor se proteger dos ataques
dos índios.
Desta forma, em 1560, a Vila de Santo André da Borda do Campo foi transferida
para a região do Pátio do Colégio de São Paulo e passou a se denominar Vila de
São Paulo, pertencente à Capitania de São Vicente.
São Paulo permaneceu durante os dois séculos seguintes, como uma vila
pobre e isolada do centro de gravidade da colônia e do litoral e teve de se
manter por meio de lavouras de subsistência.
São Paulo foi, por muito tempo, a única vila no interior do Brasil. Esse
isolamento de São Paulo se dava principalmente porque era dificílimo subir a
Serra do Mar a pé da Vila de Santos ou da Vila de São Vicente para o Planalto
de Piratininga. Subida esta que era feita pelo Caminho do Padre José de
Anchieta.
Mem de Sá, quando de sua visita à Capitania de São Vicente, proibira o
uso do "Caminho do Piraiquê" (hoje Piaçaguera), por serem, nele,
frequentes os ataques dos índios.
Em 22 de março de 1681, o Marquês de Cascais, donatário da Capitania de
São Vicente, transferiu a capital da Capitania de São Vicente para a Vila de
São Paulo, que passou a ser a "Cabeça da Capitania". A nova capital
foi instalada, em 23 de abril de 1683, com grandes festejos públicos, o
primeiro passo, que levaria à caminhada de construção de uma das mais pujantes
e maiores cidades do mundo.
Brasão de armas da casa de Castro - Condes de Monsanto e Marqueses de Cascais
E ainda há quem faça piada dos portugueses, e que não reconheça a devoção
e determinação de homens como José de Anchieta e Manoel da Nobrega, bem como a
visão e pressentimento da grandeça do arraial, que se encontrava na
determinação do nobre Marquês de Cascais.
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