As disputas religiosas em Inglaterra e Escócia, após a união das coroas
com Jaime I sucedendo a Izabel I, determinaram várias conflagrações civis no
país que buscou um tratado de tolerância, porém, a interpretação do tratado da
paz entre Carlos e a igreja da Escócia conduziram a novo conflito. Para
submeter os escoceses, Carlos necessitava de dinheiro para armar um exército
capaz de impor o tratado e para isso tomou a medida arriscada de reunir o
parlamento em abril de 1640, respeitando os direitos fundamentais do reino. Mas
o parlamento, exorbitando de seu poder, exigiu discutir vários abusos de poder
durante o governo de Carlos. Carlos I acabou por dissolver este parlamento em
maio de 1640, menos de um mês depois de convocado, assim, este parlamento ficou
conhecido como "Parlamento Curto".
Carlos I tentou derrotar os escoceses com recursos da coroa, mas isto
exauriu os cofres do tesouro real. O humilhante tratado de Ripon, assinado
depois da Segunda Guerra dos bispos em outubro de 1640, fez com que Carlos
tivesse que pagar os custos do exército escocês contra o qual acabara de lutar.
Carlos tomou a medida incomum de convocar o Magnum
Concilium, o antigo conselho em que participavam os conselheiros
hereditários do rei, ou seja, Carlos I comete o mesmo erro que o Rei Luis XVI
cometerá em 1786 ao convocar a Assembleia de Notáveis, e ambos perderão a
cabeça.
O Magnum Concilium não era
convocado há séculos, como foi o caso dos Estados Gerais em França. Neste
conselho, Carlos I convocou o novo parlamento, este denominado como
"Parlamento Longo".
O "Parlamento longo" reuniu-se em novembro de 1640 sob a
direção de John Pym, e mostrou-se tão difícil nas negociações como o
"Parlamento curto", aprovando resoluções que ameaçavam as
prerrogativas do poder Real. Os membros conservadores da Câmara dos Comuns
defendiam o rei, a Igreja e o governo parlamentar contra inovações na religião
e a tirania dos cortesãos de Carlos I.
Para evitar que o rei voltasse a dissolver o parlamento de acordo com
sua vontade, foi aprovado o Trienal Act.
O Ato requeria que o Parlamento fosse convocado pelo menos uma vez a cada três
anos, e que, quando o rei não o convocasse, os seus membros pudessem se reunir
por si mesmos. Em maio, Carlos I consentiu o ato com a condição de que o
Parlamento não poderia ser dissolvido sem sua própria autorização. Autorizou as
execuções de Thomas Wentworth e de William Laud e foi forçado a declarar que
alguns impostos eram ilegais, e as odiadas Cortes da Estrela e da Alta Comissão
foram abolidas.
Em novembro de 1641, a Câmara dos Comuns aprovou o Grand Remonstrance, que era nada menos que uma lista de denúncias
contra todos os abusos de poder nos quais Carlos I havia incorrido desde o
princípio de seu reinado. A tensão aumentou quando os irlandeses se rebelaram
contra o domínio inglês protestante e os rumores da cumplicidade de Carlos I
chegaram ao parlamento. Foi armado um exército para acabar com a rebelião, mas muitos
membros da Câmara dos Comuns temiam que o Rei pudesse utiliza-lo mais tarde
contra o mesmo parlamento. A Conta da Milícia foi pensada para poder controlar
desta forma o exército do rei, mas Carlos recusou-se em dar seu consentimento,
pois achava que era uma diminuição de parte importante da sua prerrogativa
real.
A Câmara dos Comuns então ameaçou acusar a rainha católica, Henriqueta
Maria de fomentar a rebelião, o que finalmente obrigou ao rei a tomar uma ação
desesperada. Henriqueta convenceu Carlos a prender cinco membros da Câmara que
eram os líderes da facção de anti-Stuart sob a acusação de alta traição, mas,
quando o rei já havia tomado sua decisão ela incorreu no erro de contar a um
amigo que por sua vez contou ao Parlamento. Sua indiscrição custou a Carlos I
que ao entrar na Câmara dos Comuns com uma força armada em 4 de janeiro de
1642, não encontrou seus opositores pois estes já haviam fugido.
Disse Carlos I:
"vejo que os
pássaros estão fora da gaiola!"
Violando o parlamento com uma força armada, Carlos I criou uma
resistência permanente entre ambos os poderes.
No parlamento muitos nobres abominavam as ações de Carlos, mas outros
tinham os mesmos sentimentos em relação ao próprio parlamento e sua progressiva
usurpação de poderes.
Já não era seguro para Carlos permanecer em Londres, então esse decide
marchar ao norte e levantar um exército contra o parlamento; a rainha,
entretanto, parte para o exterior para arrecadar dinheiro para poder pagar o
exército.
Carlos I se estabelece em Oxford, e desencadeia a Guerra Civil contra o
Parlamento, sendo que o exército dos comuns será comandado por pelo Conde de Essex, depois por Thomas
Fairfax e por fim será liderado e conduzido à vitória pelo regicida Oliver Cromwell,
que estabelecerá a República da Inglaterra, que não sobreviverá ao Lord
Protetor.
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