sábado, 4 de janeiro de 2014

4 de janeiro de 1642 - "vejo que os pássaros estão fora da gaiola" - Carlos I






As disputas religiosas em Inglaterra e Escócia, após a união das coroas com Jaime I sucedendo a Izabel I, determinaram várias conflagrações civis no país que buscou um tratado de tolerância, porém, a interpretação do tratado da paz entre Carlos e a igreja da Escócia conduziram a novo conflito. Para submeter os escoceses, Carlos necessitava de dinheiro para armar um exército capaz de impor o tratado e para isso tomou a medida arriscada de reunir o parlamento em abril de 1640, respeitando os direitos fundamentais do reino. Mas o parlamento, exorbitando de seu poder, exigiu discutir vários abusos de poder durante o governo de Carlos. Carlos I acabou por dissolver este parlamento em maio de 1640, menos de um mês depois de convocado, assim, este parlamento ficou conhecido como "Parlamento Curto".
Carlos I tentou derrotar os escoceses com recursos da coroa, mas isto exauriu os cofres do tesouro real. O humilhante tratado de Ripon, assinado depois da Segunda Guerra dos bispos em outubro de 1640, fez com que Carlos tivesse que pagar os custos do exército escocês contra o qual acabara de lutar. Carlos tomou a medida incomum de convocar o Magnum Concilium, o antigo conselho em que participavam os conselheiros hereditários do rei, ou seja, Carlos I comete o mesmo erro que o Rei Luis XVI cometerá em 1786 ao convocar a Assembleia de Notáveis, e ambos perderão a cabeça.
O Magnum Concilium não era convocado há séculos, como foi o caso dos Estados Gerais em França. Neste conselho, Carlos I convocou o novo parlamento, este denominado como "Parlamento Longo".
O "Parlamento longo" reuniu-se em novembro de 1640 sob a direção de John Pym, e mostrou-se tão difícil nas negociações como o "Parlamento curto", aprovando resoluções que ameaçavam as prerrogativas do poder Real. Os membros conservadores da Câmara dos Comuns defendiam o rei, a Igreja e o governo parlamentar contra inovações na religião e a tirania dos cortesãos de Carlos I.


Para evitar que o rei voltasse a dissolver o parlamento de acordo com sua vontade, foi aprovado o Trienal Act. O Ato requeria que o Parlamento fosse convocado pelo menos uma vez a cada três anos, e que, quando o rei não o convocasse, os seus membros pudessem se reunir por si mesmos. Em maio, Carlos I consentiu o ato com a condição de que o Parlamento não poderia ser dissolvido sem sua própria autorização. Autorizou as execuções de Thomas Wentworth e de William Laud e foi forçado a declarar que alguns impostos eram ilegais, e as odiadas Cortes da Estrela e da Alta Comissão foram abolidas.
Em novembro de 1641, a Câmara dos Comuns aprovou o Grand Remonstrance, que era nada menos que uma lista de denúncias contra todos os abusos de poder nos quais Carlos I havia incorrido desde o princípio de seu reinado. A tensão aumentou quando os irlandeses se rebelaram contra o domínio inglês protestante e os rumores da cumplicidade de Carlos I chegaram ao parlamento. Foi armado um exército para acabar com a rebelião, mas muitos membros da Câmara dos Comuns temiam que o Rei pudesse utiliza-lo mais tarde contra o mesmo parlamento. A Conta da Milícia foi pensada para poder controlar desta forma o exército do rei, mas Carlos recusou-se em dar seu consentimento, pois achava que era uma diminuição de parte importante da sua prerrogativa real.
A Câmara dos Comuns então ameaçou acusar a rainha católica, Henriqueta Maria de fomentar a rebelião, o que finalmente obrigou ao rei a tomar uma ação desesperada. Henriqueta convenceu Carlos a prender cinco membros da Câmara que eram os líderes da facção de anti-Stuart sob a acusação de alta traição, mas, quando o rei já havia tomado sua decisão ela incorreu no erro de contar a um amigo que por sua vez contou ao Parlamento. Sua indiscrição custou a Carlos I que ao entrar na Câmara dos Comuns com uma força armada em 4 de janeiro de 1642, não encontrou seus opositores pois estes já haviam fugido.
Disse Carlos I:

"vejo que os pássaros estão fora da gaiola!"

Violando o parlamento com uma força armada, Carlos I criou uma resistência permanente entre ambos os poderes.
No parlamento muitos nobres abominavam as ações de Carlos, mas outros tinham os mesmos sentimentos em relação ao próprio parlamento e sua progressiva usurpação de poderes.
Já não era seguro para Carlos permanecer em Londres, então esse decide marchar ao norte e levantar um exército contra o parlamento; a rainha, entretanto, parte para o exterior para arrecadar dinheiro para poder pagar o exército.
Carlos I se estabelece em Oxford, e desencadeia a Guerra Civil contra o Parlamento, sendo que o exército dos comuns será comandado por  pelo Conde de Essex, depois por Thomas Fairfax e por fim será liderado e conduzido à vitória pelo regicida Oliver Cromwell, que estabelecerá a República da Inglaterra, que não sobreviverá ao Lord Protetor.

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