Com a morte de Jorge V, em 20 de janeiro de 1936, há 78 anos atrás,
Eduardo, o Príncipe de Gales, subia ao trono do Reino Unido da Grã Bretanha e
Irlanda do Norte com o título de Eduardo VIII.
Já no dia seguinte ele quebrou o protocolo real ao assistir a
proclamação da sua própria ascensão de uma janela, na companhia da ainda casada
Wallis Simpson, uma mulher com história irregular, proveniente dos Estados
Unidos. Eduardo tornou-se o primeiro monarca do Império Britânico a viajar em
um avião, quando voou de Sandringham para Londres para seu Conselho de
Ascensão.
O novo Rei, como não poderia deixar de ser, já que a dignidade do cargo
não se confunde com o voluntarismo do playboy, causou mal estar nos círculos
governamentais com ações que foram interpretadas como interferência em assuntos
políticos, numa monarquia secular, que respeita rigorosamente os atributos do
parlamento e do soberano.
O comentário de que "algo deve ser feito", dito durante uma
visita às aldeias "deprimidas" e aos mineiros desempregados de Gales
do Sul foi visto como uma crítica direta ao governo, embora nunca tenha ficado
claro se Eduardo tinha alguma intenção específica quanto a isso. Os ministros
do governo relutavam em enviar relatórios confidenciais e documentos de Estado
ao Fort Belvedere, porque estava claro que Eduardo dedicava pouca atenção a
eles e que sua discrição com relação aos assuntos constitucionais e políticos
não era confiável. Temia-se que Wallis Simpson e outros convidados da
residência tivessem acesso aos documentos de Estado e que as informações
confidenciais neles contidas pudessem ser indevidamente ou inadvertidamente
divulgadas a serviços estrangeiros, prejudicando os interesses nacionais.
A monarquia vive de seus símbolos e a abordagem pouco ortodoxa de
Eduardo à sua posição e aos seus deveres também se aplicou à moeda que trazia
sua efígie. Ele rompeu com a tradição de cunhar a face real voltada para a
direção oposta à do rei anterior, insistindo que sua face esquerda (mesma
posição de seu antecessor) deveria ser representada para evidenciar a
repartição de seus cabelos, numa atitude vaidosa e desrespeitosa com as
instituições que sustentavam sua legitimidade.
Apenas um punhado de moedas de teste foram cunhadas antes da abdicação e
quando Jorge VI assumiu o trono, também teve sua face esquerda retratada,
sugerindo que a tradição havia sido mantida e que todas as moedas com a face de
Eduardo deveriam exibir sua face direita.
Moeda com a efígie de Eduardo VIII voltada para a esquerda.
Seu curto e inexpressivo reinado culminou entre agosto e setembro, com o
affaire Eduardo e Wallis, que cruzaram o Mediterrâneo Oriental a bordo do iate
a vapor Nahlin. Em outubro, foi ficando claro que o novo rei planejava se casar
com a americana, especialmente quando o processo de divórcio dos Simpsons foi
trazido para Ipswich Assizes. Os preparativos para qualquer eventualidade foram
feitos, incluindo a possibilidade da coroação do rei Eduardo e da rainha
Wallis. Devido às implicações religiosas de qualquer casamento, foram feitos
planos para realizar uma cerimônia de coroação secular não no local religioso
tradicional, a Abadia de Westminster, mas na Banqueting House, em Whitehall.
Porém, tais ofensas praticadas pelo chefe da Igreja da Inglaterra, com o
fato de o casamento ser morganático, dissuadiram o inconsequente rei de levar
avante os planos de despojar sua condição dos exigíveis compromissos
simbólicos, vindo ele a renunciar em dezembro de 1936, em favor de seu irmão
menor Jorge VI.
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