segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

20 de janeiro de 1936 - Ascensão ao trono de Eduardo VIII, o homem que troca a coroa da Inglaterra pelo amor de uma mulher







Com a morte de Jorge V, em 20 de janeiro de 1936, há 78 anos atrás, Eduardo, o Príncipe de Gales, subia ao trono do Reino Unido da Grã Bretanha e Irlanda do Norte com o título de Eduardo VIII.
Já no dia seguinte ele quebrou o protocolo real ao assistir a proclamação da sua própria ascensão de uma janela, na companhia da ainda casada Wallis Simpson, uma mulher com história irregular, proveniente dos Estados Unidos. Eduardo tornou-se o primeiro monarca do Império Britânico a viajar em um avião, quando voou de Sandringham para Londres para seu Conselho de Ascensão.
O novo Rei, como não poderia deixar de ser, já que a dignidade do cargo não se confunde com o voluntarismo do playboy, causou mal estar nos círculos governamentais com ações que foram interpretadas como interferência em assuntos políticos, numa monarquia secular, que respeita rigorosamente os atributos do parlamento e do soberano.
O comentário de que "algo deve ser feito", dito durante uma visita às aldeias "deprimidas" e aos mineiros desempregados de Gales do Sul foi visto como uma crítica direta ao governo, embora nunca tenha ficado claro se Eduardo tinha alguma intenção específica quanto a isso. Os ministros do governo relutavam em enviar relatórios confidenciais e documentos de Estado ao Fort Belvedere, porque estava claro que Eduardo dedicava pouca atenção a eles e que sua discrição com relação aos assuntos constitucionais e políticos não era confiável. Temia-se que Wallis Simpson e outros convidados da residência tivessem acesso aos documentos de Estado e que as informações confidenciais neles contidas pudessem ser indevidamente ou inadvertidamente divulgadas a serviços estrangeiros, prejudicando os interesses nacionais.


A monarquia vive de seus símbolos e a abordagem pouco ortodoxa de Eduardo à sua posição e aos seus deveres também se aplicou à moeda que trazia sua efígie. Ele rompeu com a tradição de cunhar a face real voltada para a direção oposta à do rei anterior, insistindo que sua face esquerda (mesma posição de seu antecessor) deveria ser representada para evidenciar a repartição de seus cabelos, numa atitude vaidosa e desrespeitosa com as instituições que sustentavam sua legitimidade.
Apenas um punhado de moedas de teste foram cunhadas antes da abdicação e quando Jorge VI assumiu o trono, também teve sua face esquerda retratada, sugerindo que a tradição havia sido mantida e que todas as moedas com a face de Eduardo deveriam exibir sua face direita.



Moeda com a efígie de Eduardo VIII voltada para a esquerda.

Seu curto e inexpressivo reinado culminou entre agosto e setembro, com o affaire Eduardo e Wallis, que cruzaram o Mediterrâneo Oriental a bordo do iate a vapor Nahlin. Em outubro, foi ficando claro que o novo rei planejava se casar com a americana, especialmente quando o processo de divórcio dos Simpsons foi trazido para Ipswich Assizes. Os preparativos para qualquer eventualidade foram feitos, incluindo a possibilidade da coroação do rei Eduardo e da rainha Wallis. Devido às implicações religiosas de qualquer casamento, foram feitos planos para realizar uma cerimônia de coroação secular não no local religioso tradicional, a Abadia de Westminster, mas na Banqueting House, em Whitehall.
Porém, tais ofensas praticadas pelo chefe da Igreja da Inglaterra, com o fato de o casamento ser morganático, dissuadiram o inconsequente rei de levar avante os planos de despojar sua condição dos exigíveis compromissos simbólicos, vindo ele a renunciar em dezembro de 1936, em favor de seu irmão menor Jorge VI.

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