Foi em 17 de março de 1861 que o parlamento
italiano, o primeiro da Itália unificada, reunido em Turim, consagrou o rei de
Piemonte e Sardenha, Vittorio Emmanuelle como “rei de Itália pela graça de Deus
e pela vontade da Nação”.
O rei piemontês assume o trono como Vítor
Emanuel II. Neste momento, o sonho nascido nos tempos de Dante, chega quase
inteiramente ao seu desiderato, estando a Itália unificada porém, restando
apenas a República de Veneza e a Cidade de Roma fora do território do reino. A
cidade de Roma, em virtude da presença do Vaticano, permanece como último sinal
da soberania secular do Papado, o que restou dos Estados Papais, que se opunham
à integração no reino de Vitor Emanuel.
Muitos ligam a unificação da Itália aos
fatos que decorreram da Revolução Francesa, mas isto não é de todo verdadeiro.
O desejo de uma pátria única que ligasse todos os italianos ficou por séculos
adormecida, permaneceu como um sonho de poetas. A unificação nacional italiana,
foi alcançada depois de uma luta de quase 30 anos (1831-1861), um processo
político e cultural sui generis que
contou com a participação das mais diversas personalidades daquela época, e
reuniu o sentimento de rejeição ao esfacelamento político da península
italiana, sempre provocada e estimulada pelas potências continentais europeias,
como ocorreu, à semelhança, com a Alemanha.
Foram protagonistas do movimento de unificação
os três Giuseppes: Giuseppe Mazzini (1805-1872), Giuseppe Garibaldi (1807-1882)
e Giuseppe Verdi (1813-1901). Um pelas ideias e pela política, outro pelas
armas e voluntarismo e o último pela arte, dotaram o povo peninsular da teoria,
da espada e do hino, para que no espírito do risorgimento vissem concluído o sonho da unificação nacional.
Foi apenas com o insucesso político de
Mazzini e o exílio forçado de Garibaldi que se abriram as portas para o Conde
de Cavour, primeiro-ministro do Piemonte e funcionário da Casa de Saboya. Líder
do Partido Moderado, para se proceder efetivamente à fundação do Estado
Italiano unificado. Cavour chefiou o processo seguinte da unificação nacional
porque tinha um Estado por detrás e não
grupos desorganizados de idealistas sem estrutura. Mais tarde o condottiere Garibaldi - que até então
era o mais audaz condottiero (condutor) dos republicanos – à causa do Vítor
Emanuel II e de Cavour, em 1859, a sorte estava lançada e, assim, permitiu a
conclusão do processo favoravelmente à casa de Saboya.
Mazzini era estreitamente vinculado aos
carbonários, os jacobinos italianos do início do século XIX. Ao longo da sua
vida empunhou a bandeira da unificação da Itália, então apenas uma expressão
geográfica, religiosa e cultural, mas não um Estado poderoso como a França ou a
Espanha. Em 1831, no exílio em Marselha, fundou o movimento a Jovem Itália, com
a intenção de mobilizar seus concidadãos para a causa da construção de uma
nação “Una, Independente, Libera, Repubblicana”. Encarnou com Verdi e
Garibaldi, a paixão por uma Itália livre do controle do imperador estrangeiro e
independente do Papa.
O processo de unificação ainda
continuaria por mais 9 anos, até que após a morte de Cavour em 1861, o rei
passou a exercer maior influência sobre o governo. Sua ação foi coroada com a
incorporação de Veneza e de Roma, proclamada em 1870, capital da nação, com o
auto-exilio imposto aos papas no Vaticano por Pio IX, levando à questão de Roma
que foi solucionada apenas em 1929 com o Tratado de Latrão, entre Mussolini e
Pio XI, com a criação do Estado Soberano do Vaticano, sede da Igreja Católica
Apostólica Romana.
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