sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

16 de janeiro de 1605 - Publicação da obra prima do romance Espanhol - El Ingenioso Hidalgo Don Quijote de La Mancha






Quando o Brasil e Portugal ainda se achavam sob a União Ibérica, e governava a Espanha e Portugal o neto de Carlos V, Filipe III (Filipe II de Portugal), publica-se em Madrid, um dos romances que até hoje povoam o imaginário de muitos jovens e adultos em todo o mundo, e que refletem todo o sentimento de um período que lentamente passava da Idade Média para a modernidade.
Foi em 16 de janeiro de 1605  que Miguel de Cervantes Saavedra, então próximo aos 60 anos, publicou em Madrid a primeira parte do fabuloso "O engenhoso fidalgo Dom Quixote de La Mancha".
Naquele dia, os romances de cavalaria e a mentalidade medieval receberam um golpe mortal, que tornou hilário os valores até então miticamente preservados, denunciando a vetustez destes perante as novas relações que se estabeleceram com o mercantilismo e as conquistas do Novo Mundo.
O livro considerado a obra fundadora da literatura espanhola, mostra um Cervantes que narra a saga de um nobre, que havia se perdido em suas leituras sobre Cavalaria, que sonhava com aventuras incríveis de capa e espada, mas não conseguia ver a miséria da realidade que o cercava. Importante lembrar, que a Espanha em seu século de Ouro, já havia sido o berço e o local de maior brilhantismo dos romances picarescos, sendo inesquecível até hoje, o inimitável Lazarillo de Tormes.
A história começa em um vilarejo da região de Castilla-La Mancha, vasta planície localizada ao sul da capital espanhola, Madrid. 


Ali vivia um fidalgo por volta dos 50 anos, Dom Alonso Quijano, tão apaixonado por romances de cavalaria que perdeu o juízo. Após o emparedamento de sua biblioteca, já que consideravam seus parentes, que esta era a responsável pela perda de seu tino, em certo dia, ele abandonou a sobrinha, a governanta e os empregados domésticos e partiu, montando um cavalo emagrecido e velho chamado Rocinante, armado unicamente com uma espada e tendo sobre a cabeça uma cuia de fazer a barba a título de capacete.
Inspirado pelas alucinações que suas leituras projetavam sobre a realidade empobrecida, Dom Quijano tomou uma estalagem por castelo, onde se fez armar cavaleiro. Acabou convencendo seu ambicioso e simplório vizinho, Sancho, a se tornar seu fiel escudeiro.
Cismado em defender os pobres e oprimidos, bem como dedicado pelas façanhas que se lhes prometia, a conquistar o coração de Doña Dulcinéa de Toboso, não faltariam a ele aventuras reais ou imaginárias, entre elas, lutar contra moinhos de vento, libertar presos das galés e fazer penitência na cordilheira de Sierra Morena.
Importante assinalar, para muitos que só o conhecem da luta contra os moinhos, que o encanto da obra nasce do descompasso entre o idealismo do protagonista e a realidade na qual ele atua. Cem anos antes, Quijote teria sido um herói a mais nas crônicas ou romances de cavalaria, mas ele havia se enganado de século.
Sua loucura residia no anacronismo, o que  permitiu ao autor fazer uma sátira de sua época, usando a figura de um cavaleiro medieval em plena Idade Moderna para retratar uma Espanha que, após um século de glórias, começava a sua ruína.

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