segunda-feira, 14 de outubro de 2013

15 de outubro de 1582 – Há 431 anos, depois de 4 de outubro, seguiu-se 15 de outubro.


 

 

Poucos de nós percebemos o quanto o tempo é mera convenção, o quanto não faz o menor sentido defender que hoje é quarta, ou quinta, ou mesmo domingo, na medida em que hoje só é terça feira, ou martes, ou mardi, ou o que quer que seja, porque todos nós convencionamos assim chamar este dia da semana.

Um dos momentos mais interessantes da história, foi a entrada em definitivo do Calendário Gregoriano, que seguimos até hoje no Ocidente, e que é obra do Papa Gregório XIII, como já discutimos neste blog,

O tempo, mera convenção, não tem qualquer lógica, não espera que possamos reverenciar dias, datas, a não ser, por mera convenção. Defender que nada se pode fazer na sexta, no sábado ou no domingo, nada mais é que expressão de uma ignorância imensa sobre a existência do tempo.

O tempo existe apenas e tão somente para os homens, e apenas e tão somente para suas necessidades de marcar a sua finitude, para fazer-nos lamentar a coisa mais bela, que é a fugacidade da vida, a estreiteza de nosso existir.

Vamos pensar hoje, que há 431 anos atrás, as pessoas foram dormir no dia 4 de outubro e acordaram no dia 15 de outubro, e mesmo assim, o mundo não acabou!

14 de outubro de 1066 – 947 anos da Batalha de Hastings


 

 

Talvez uma das batalhas que mais definem a construção da Europa como uma unidade, é no princípio de 1066, quando o rei inglês Eduardo o Confessor morre sem descendência direta, que surge a oportunidade da expansão do ducado da Normandia para as ilhas britânicas. O herdeiro mais próximo na linhagem era o primo, de doze anos, Edgar Atheling (neto de Edmundo II) que vivera a maior parte da sua vida no exílio na Hungria. No entanto a assembleia dos nobres proprietários escolheu Haroldo II, Conde de Wessex e de East Anglia, porque acreditavam que este estaria preparado para enfrentar uma iminente invasão normanda, na medida em que estes homens já haviam conseguido estabelecer-se na costa norte da atual França. Inicialmente, mostrou-se verdadeira a crença dos nobres, e em 25 de Setembro, Haroldo II derrotou o exército de Harald Hardrada da Noruega na batalha de Stamford Bridge.

Com a importante vitória, a ameaça parecia ter sido afastada, mas apenas três dias depois, em 28 de Setembro de 1066, Guilherme, Duque da Normandia, desembarca no sul da Grã Bretanha. Com um exército de cerca de 7000 homens e uma frota que contava cerca de 600 navios, pode desembarcar sem qualquer oposição no sul da ilha, já que os saxões acreditavam que a ameaça havia sido afastada. Seguiam com Guilherme muitos nobres normandos, flandrinos e bretões a quem haviam sido feitas promessas de títulos e terras em caso de vitória. Guilherme organizou um acampamento fortificado perto de Hastings, protegido na retaguarda por uma floresta e tendo à sua frente um vertente glaciar.

Informado da invasão normanda, Haroldo II determina a seus homens uma marcha forçada para Sul, durante a qual convoca e recruta uma massa de soldados. É notório que o exército inglês conseguiu o feito de cobrir uma distância de cerca de 400 km em menos de quinze dias, de marcha a pé, já em pleno outono, num período muito mais frio que o atual. Os soldados eram principalmente veteranos da batalha de Stamford Bridge, que foram armados com machados dinamarqueses e escudos que se caracterizavam pelo seu enorme peso, tal esforço fez com que as tropas de Haroldo II chegassem exaustas ao sítio onde se encontrava Guilherme.

Há aproximadamente 947 anos atrás, numa manhã de 14 de Outubro de 1066, o duque Guilherme da Normandia dispôs seu exército para a batalha. A frente foi organizada de forma tipicamente medieval em três grupos, organizados por normandos no centro, flandrinos e bretões nos flancos, que incluíam unidades de infantaria, cavalaria e de arqueiros.

Estes últimos foram colocados na vanguarda para o começo da batalha. As disposições de Haroldo II de Inglaterra são desconhecidas, mas devem ter sido semelhantes, uma vez que a escola militar e o tamanho do exército eram os mesmos. A batalha começou com uma chuva de setas dos arqueiros normandos, que não foi muito eficaz. Depois de algumas escaramuças, a infantaria e cavalaria normandas avançaram lideradas por Guilherme em pessoa, assistido pelo meio-irmão, o Bispo Odo de Bayeux. Este ataque pelo centro foi repelido sem grande dificuldade pela infantaria inglesa, protegida pelos seus longos machados e uma muralha de escudos. Porém, Guilherme mandou avançar o seu flanco esquerdo que era constituído principalmente por homens inexperientes e mal armados. Os bretões não estavam à altura dos ingleses e depressa o flanco esquerdo de Guilherme desapareceu à custa dos ingleses e da fuga dos seus próprios homens.

Com este sucesso parcial, o flanco direito dos ingleses precipita-se a lançar um ataque contra os bretões em fuga. Sem o suporte do resto do exército e a proteção da muralha de escudos, os seus membros são apanhados por uma carga de cavalaria normanda e massacrados. Este episódio da batalha marcou o curso do dia e as subsequentes ações normandas.

Percebendo que o inimigo rapidamente se organizou num contra-ataque suicida, os normandos começaram a orquestrar fugas, de forma a atrair os ingleses para a morte, numa tática já usada em guerras no continente. A cada novo embate, fuga e emboscada, a muralha de escudos ingleses tornava-se mais frágil e ao fim do dia era já bastante permeável. Preocupado com a fraqueza da sua própria posição, Guilherme manda avançar de novo os arqueiros, numa última tentativa para resolver a batalha antes de a noite cair. Desta vez os arqueiros foram bastante mais eficientes e provocaram sérias baixas na linha inglesa. Nesta altura, a cavalaria normanda lança o último ataque. No confronto que se seguiu, o rei Haroldo II de Inglaterra foi morto por uma flecha no olho esquerdo, lançando o caos no seu exército. Em breve a barreira de escudos desmoronou, assim como a resistência inglesa.

Terminada a batalha com uma vitória normanda, ao cair da noite de 14 de Outubro, restou no campo que Haroldo II estava morto e com ele, todas as esperanças de resistência à invasão normanda. A assembleia de nobres ingleses nomeou Edgar Atheling rei, mas este foi forçado a abdicar poucas semanas depois para o Duque da Normandia. Guilherme foi coroado rei de Inglaterra no dia de Natal de 1066, na Abadia de Westminster, iniciando a dinastia normanda, ficando conhecido na história como Guilherme o Conquistador, e sendo o líder do último exército invasor da Inglaterra. Após ele, ninguém mais conseguiria invadir a ilha e conquistar o reino inglês.

Para comemorar a vitória fi construída uma abadia no local da batalha de Hastings e uma lápide assinala o local da morte de Haroldo II, o último rei anglo-saxão de Inglaterra. Os eventos do dia encontram-se retratados na tapeçaria de Bayeux.