domingo, 17 de março de 2013

17 de março de 1861 - Fundação do Reino de Itália

 

Foi em 17 de março de 1861 que o parlamento italiano, o primeiro da Itália unificada, reunido em Turim, consagrou o rei de Piemonte e Sardenha, Vittorio Emmanuelle como “rei de Itália pela graça de Deus e pela vontade da Nação”.

O rei piemontês assume o trono como Vítor Emanuel II. Neste momento, o sonho nascido nos tempos de Dante, chega quase inteiramente ao seu desiderato, estando a Itália unificada porém, restando apenas a República de Veneza e a Cidade de Roma fora do território do reino. A cidade de Roma, em virtude da presença do Vaticano, permanece como último sinal da soberania secular do Papado, o que restou dos Estados Papais, que se opunham à integração no reino de Vitor Emanuel.

Muitos ligam a unificação da Itália aos fatos que decorreram da Revolução Francesa, mas isto não é de todo verdadeiro. O desejo de uma pátria única que ligasse todos os italianos ficou por séculos adormecida, permaneceu como um sonho de poetas. A unificação nacional italiana, foi alcançada depois de uma luta de quase 30 anos (1831-1861), um processo político e cultural sui generis que contou com a participação das mais diversas personalidades daquela época, e reuniu o sentimento de rejeição ao esfacelamento político da península italiana, sempre provocada e estimulada pelas potências continentais europeias, como ocorreu, à semelhança, com a Alemanha.

Foram protagonistas do movimento de unificação os três Giuseppes: Giuseppe Mazzini (1805-1872), Giuseppe Garibaldi (1807-1882) e Giuseppe Verdi (1813-1901). Um pelas ideias e pela política, outro pelas armas e voluntarismo e o último pela arte, dotaram o povo peninsular da teoria, da espada e do hino, para que no espírito do risorgimento vissem concluído o sonho da unificação nacional.
 

Foi apenas com o insucesso político de Mazzini e o exílio forçado de Garibaldi que se abriram as portas para o Conde de Cavour, primeiro-ministro do Piemonte e funcionário da Casa de Saboya. Líder do Partido Moderado, para se proceder efetivamente à fundação do Estado Italiano unificado. Cavour chefiou o processo seguinte da unificação nacional porque  tinha um Estado por detrás e não grupos desorganizados de idealistas sem estrutura. Mais tarde o condottiere Garibaldi - que até então era o mais audaz condottiero (condutor) dos republicanos – à causa do Vítor Emanuel II e de Cavour, em 1859, a sorte estava lançada e, assim, permitiu a conclusão do processo favoravelmente à casa de Saboya.

Mazzini era estreitamente vinculado aos carbonários, os jacobinos italianos do início do século XIX. Ao longo da sua vida empunhou a bandeira da unificação da Itália, então apenas uma expressão geográfica, religiosa e cultural, mas não um Estado poderoso como a França ou a Espanha. Em 1831, no exílio em Marselha, fundou o movimento a Jovem Itália, com a intenção de mobilizar seus concidadãos para a causa da construção de uma nação “Una, Independente, Libera, Repubblicana”. Encarnou com Verdi e Garibaldi, a paixão por uma Itália livre do controle do imperador estrangeiro e independente do Papa.

O processo de unificação ainda continuaria por mais 9 anos, até que após a morte de Cavour em 1861, o rei passou a exercer maior influência sobre o governo. Sua ação foi coroada com a incorporação de Veneza e de Roma, proclamada em 1870, capital da nação, com o auto-exilio imposto aos papas no Vaticano por Pio IX, levando à questão de Roma que foi solucionada apenas em 1929 com o Tratado de Latrão, entre Mussolini e Pio XI, com a criação do Estado Soberano do Vaticano, sede da Igreja Católica Apostólica Romana.

Nenhum comentário:

Postar um comentário